2007, setembro – revista VO2 MAX

1 de setembro de 2007

A evolução da bússola

Ainda uma novidade, o GPS aparece como alternativa no mercado das bicicletas, sobretudo, aos cicloturistas de plantão

Mesmo inventada em meados do ano de 850, na China, a bússola foi imprescindível para os aventureiros navegadores dos séculos XV e XVI. Encarar o Atlântico cheio de mistérios e lendas era um desafio impossível sem a consulta do pequeno aparelho de agulha magnética. Hoje, em pleno século XXI, quando tudo que é terra já fora desbravada, a necessidade continua: orientar-se.

O GPS, inicialmente utilizado para fins militares, apareceu como nova ferramenta para praticantes de esportes aquáticos no Brasil nos anos 80. Recentemente, popularizou-se a partir de seu uso em veículos de última geração, sobretudo, automóveis de luxo. Graças ao tão famoso avanço da tecnologia, os ciclistas também podem desfrutar das vantagens de um GPS.

A maioria de ciclistas usuários faz parte do Mountain Bike, sobretudo para o lazer explorador conhecido como cicloturismo. Em outras especialidades, o GPS aparece como auxiliador de treino, como na Estrada, em que o ciclista pode utilizar-se das sinalizações locais de trânsito para se orientar. Em um velódromo, é possível usar o aparelho para monitorar o desempenho do atleta que precisa treinar sozinho, sem um técnico que lhe marque tempo e distância.

Mas o que é, afinal, um GPS (Global Position System)? O diretor comercial da GPS Center, representante e distribuidora dos aparelhos Garmin, Augusto Pagliacci Junior, explica tratar-se de um equipamento que mede o posicionamento global de quem o aciona. “Indica suas coordenadas geográficas em relação ao planeta Terra. Com, no mínimo, três satélites é possível saber exatamente onde está determinada localidade ou localização de um indivíduo no globo, lembrando que existem mais de vinte satélites em órbita em todo o mundo”, afirma o também responsável por trazer a marca Garmin para o Brasil em 1988.

Para o carioca Paulo de Tarso, a novidade já tem quase vinte anos. Arquiteto de formação e presidente do Sampa Bikers, Paulo é um dos primeiros ciclistas do Brasil a usar GPS em bicicletas, no mesmo ano da chegada dos primeiros produtos no país. Paulinho, como é conhecido, faz um alerta para quem pretende sair sozinho com um GPS. “A bateria do aparelho dura bastante, mas ainda uso os mapas de papel, porque nunca se sabe quando podemos ser surpreendidos”.

Os primeiros modelos comerciais específicos para bicicletas apareceram há cinco anos no mercado brasileiro. Quem garante é Adilson dos Santos, engenheiro mecânico de formação e praticante cicloturismo. Administrador da Maré Outdoor Sport, especialista em GPS há quinze anos, Adilson indica o melhor equipamento para o ciclista. Trata-se do Edge 305 Bundle, da Garmin, um verdadeiro treinador digital.

Gustavo Pagliacci, supervisor da GPS Center, afirma que com o Edge 305 é possível monitorar a cadência da pedalada, controlar os batimentos cardíacos, perfil altimétrico (subidas e descidas), velocidade, distância e tempo. “O modelo 305 é o mais completo, mas existe o Edge 205, mais básico, próprio para ciclistas amadores ou ocasionais, que não sejam profissionais especializados”, diz Gustavo.

Sem paradas

Os modelos de GPS, como qualquer aparelho eletrônico, variam de acordo com suas capacidades funcionais e práticas para um uso sem complicações. De modo geral, o GPS não atrapalha a pedalada. Apesar disso, o ciclista tem três opções para usa-lo:
– Utilizar o GPS próprio para bicicleta, como o Edge 305
– Outro modelo portátil com o suporte para acopla-lo ao guidão
– Na mochila, para consultar nos erros de trilha

Com dezessete anos de experiência em sistemas de posicionamento global na direção da GPS Center, Augusto garante que o ciclista não precisa parar com sua bike e nem mudar a posição das mãos no guidão para consultar seu roteiro. O usuário programa toda a rota antes da pedalada e, daí para frente, quem guia é o GPS.

Para complementar o desempenho com segurança, o ciclista pode admirar a paisagem, ou mesmo treinar, e cuidar de sua saúde de forma simultânea. “Dependendo do aparelho, é possível acrescentar a máxima de batimentos cardíacos e de freqüência a cada pedalada. Se por acaso o ciclista ultrapassar os índices, o GPS aciona um aviso sonoro para avisar que algo está acima do limite”.

Mochileiro assumido, Guilherme Cavallari, 44 anos, prefere deixar seu aparelho num dos inúmeros bolsos da sua mochila. “Uso mais o 60 CSX (Garmin) e já me adaptei com o sistema desse modelo”. Guilherme é mountain biker desde que se conhece por gente. Hoje, é editor do “Guia de Trilhas enCICLOpédia”, uma publicação que chega na sua quinta edição graças às experiências de Cavalleri em roteiros ciclísticos.

Descobridores de rotas

Nenhum ciclista quer ser Cristóvão Colombo, mas todos querem novos desafios e explorar a natureza em nome da qualidade de vida e da prática regular do esporte. Depois de realizar um percurso com auxílio do GPS, Guilherme Cavallari transfere tudo o que foi gravado no aparelho para o computador, faz um levantamento das diferentes informações da rota, desde os detalhes da altimetria dos terrenos, até as alternativas de caminhos pelas mais belas paisagens para prática do cicloturismo. “Depois de descobrir que era possível planejar os meus roteiros, resolvi produzir um guia para o usuário que ainda tem muitas dúvidas. É simples! Por exemplo, eu posso acessar o Google Earth, escolher uma trilha no leste da China partindo de um ponto A para um ponto B, programar a rota no meu GPS e, mesmo sem conhecer um chinês sequer e nem falar o idioma, posso completar o percurso sem me preocupar em me perder”, explica.

Sem a companhia do santo aparelho, Paulo de Tarso já passou por maus bocados no início do Sampa Bikers durante uma viagem para a cidade de Conservatória, Rio de Janeiro. Depois de estudarem os desconhecidos trechos, ainda contavam com um guia e a participação de mais cinqüenta aventureiros. Resultado: uma trilha de aproximadamente 25 quilômetros estendia-se para 90. E pior, sem qualquer perspectiva de um final.

O ano era de tetracampeonato para a seleção do Brasil no futebol, 1994. Entretando, tudo aconteceu numa época bem diferente da festa da conquista brasileira. “Era dia das mães e muitos levaram as suas mães para o passeio. Depois ficamos totalmente perdidos quando descobrimos que o guia havia sumido”, conta Paulinho.

Como bons desbravadores, conseguiram se virar com auxílio das famílias que encontraram nas casas por onde passavam.”As mulheres ficaram com muito medo com o barulho dos morcegos, mas uma lição eu tirei disso: nunca mais pego guia local”, brinca Paulo com sua viagem – ou roubada – que considera inesquecível.

GPS sem complicação

Para quem pretende fechar agora sua revista VO2 e sair para adquirir o próprio aparelho com sistema de posicionamento global, precisa antes conhecer as funções básicas de um GPS. Para isso, o mercado já disponibiliza cursos específicos para pessoas dispostas a desembolsar em média 1.300 reais. “Nos Estados Unidos, o valor é muito inferior. Cerca de 400 dólares. Mas assim como aconteceu com o telefone celular, com o I-Pod, o GPS deve ficar com preço mais acessível num futuro próximo”, afirma Augusto Pagliacci, que revende produtos Garmin no seu escritório da rua Jurupis, entre as árvores de Moema.

Se nem o Manual de Proprietário conseguiu explicar como funciona, não se assuste. A linguagem dos manuais ainda está muito técnica, sem contar nos modelos com versões apenas em inglês.

Para acelerar a intimidade do novo consumidor com o ainda novo aparelho, o técnico em informática e adorador de mapas e viagens sem destino certo, André Gurgel resolveu escrever o livro “Meu Primeiro GPS”, editora Via Natura. “Escrevi o livro porque simplesmente não tem material em português de qualidade para ensinar o uso de um GPS de passeio a pessoas leigas e sem interesse por tecnologia. Para gente normal, que quer usar um GPS sem se preocupar com que tem dentro dele e o que se passa entre o receptor e os satélites”, relata o autor em material disponível no site da obra (www.meuprimeirogps.com.br).

Depois dessa leitura, contamos para que os interessados façam melhor uso do GPS. Certamente um instrumento básico de navegação para o ciclismo a curto e médio prazo. Sem medo se perder, boas aventuras!

3 cuidados com GPS

É importante ter consciência de que uma aventura a sós, é recomendável o uso de mais do que um GPS. Se o número de ciclistas for igual ou maior do que dois, outros cuidados devem ser levados em conta. Portanto, aí vão algumas dicas para quem quer colocar mais ousadia nas rotas:

1. Vai sozinho?
Além do GPS, leve um telefone satelital, não dispense a velha bússola e procure certificar-se de que as baterias estejam devidamente carregadas.

2. Aprenda a usar
Não se empolgue! Estude seu GPS e descubra se o seu modelo possui limitações como, por exemplo, perda de sinal em túneis ou debaixo de copas de árvores. É importante saber se o GPS é ou não à prova de água, para evitar, assim, trilhas perto de cachoeiras. Uma boa literatura também é recomendável.

3. Cuide do aparelho
Situações óbvias como deixar cair. Manter contato com a assistência técnica do revendedor para eventuais problemas técnicos.

Onde fazer cursos

• Maré GPS
Cursos Básico e Avançado
11 5583-0747
www.maregps.com.br

• MBE
Demonstrativo prático, básico particular e trackmaker
11 9802 2249 / 11 4604 2179
www.mbe.com.br/gps/curso/

Distribuidores autorizados

• Maré GPS
11 5583-0747
www.maregps.com.br

• GPS Center – Comércio de Eletrônicos Ltda
11 5052.9534
www.gpscenter.com.br

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