2009, julho – revista GO OUTSIDE 50

1 de julho de 2009

Radar Próxima Parada

Terras Altas

É quase um milagre, mas existe: um roteiro de quatro dias de pedal em 152 quilômetros de trilhas pela região mineira conhecida como Terras Altas da Mantiqueira (o paraíso do mountain bike brasileiro), com relativamente pouca subida e descida (GUILHERME CAVALLARI)

TUDO COMEÇA EM PASSA QUATRO, sul de Minas Gerais, aos pés da Pedra da Mina, de 2.798 metros de altitude, a quarta montanha mais alta do Brasil. A cidade tem casario antigo restaurado, estação de trem centenária e até passeio de Maria Fumaça. Não faltam boas pousadas e farta comida mineira. E pode mandar ver no torresminho a pururuca porque você vai queimar tudo nos dias seguintes.

1º dia: Passa Quatro a Virgínia
A primeira subida é a temida serra do Bairro da Jurema, por onde passa uma etapa da maratona de mountain bike Big Biker. São 11 quilômetros de subida forte com vista espetacular para a pedra da Mina e para o complexo de montanhas que compreendem a travessia da Serra Fina, considerado por muitos o trekking mais duro do Brasil. Mas como tudo o que sobe também desce, os próximos 16 quilômetros até a cidadezinha de Virgínia vão gastar as pastilhas dos seus freios. O downhill é tão longo que a câmara do meu pneu traseiro estourou de tanto que o aro esquentou! Mas que usa freio a disco vai curtir a descida sem sofrimento.

2º dia: Virgínia a São Lourenço
Virgínia tem restrições de hospedagem, com apenas uma pensão no centro da cidade e um hotel bem legal na zona rural, o Hotel Fazenda Vale da Mantiqueira (valedamantiqueira.com.br, R$ XX a diária para casal, com café da manhã). Eu decidi seguir viagem e emendar os primeiros 31 quilômetros com mais 41 quilômetros até São Lourenço. Como o trajeto é bem plano, o esforço vale a pena. O caminho é um pouco tortuoso, passa pelo Bairro Bocaina e em seguida segue paralelo ao Ribeirão São Lourenço.
A cidade de São Lourenço já foi muito chique, com visitantes ilustres como o então presidente Getúlio Vargas. Os hotéis são antigos e monumentais, no estilo “banhos termais”, com salões de mármore e lustres de cristais puxando o teto para baixo de tanto peso. Mas os áureos tempos da cidade se foram e com eles os turistas endinheirados. Mesmo assim, sobram opções de hospedagem e alimentação na cidade.

3º dia: São Lourença a Itanhandu
De São Lourenço, a pedalada segue para Itanhandu, grande produtora de ovos, a 47 quilômetros bem planos de distância. Além das várias granjas, a silhueta da serra da Mantiqueira, em sua parte mais alta, e as margens do rio Verde, que nasce em Passa Quatro, servem de paisagem boa parte do tempo. As estradas de terra batida são quase sempre vazias, com exceção de alguns cavaleiros de chapéu de caubói e latinha de cerveja na mão. O caminho segue paralelo ao rio Verde até chegar em Pouso Alto, cruza a única rua da cidade e vai na direção dos bairros Paciência e Berberia por um emaranhado de estradinhas de terra. Depois cruza o rio Capivari e a BR 354 próximo de Itamonte e logo em seguida chega a Itanhandu.

4º dia: Itanhandu a Passa Quatro
Pelo asfalto, a distância entre essas duas cidades deve ser de uns 15 quilômetros, mas por estradas de terra e singletracks na serra o percurso aumenta para mais de 32 quilômetros. E dá-lhe subida! Seis quilômetros bem servidos, começando logo depois do Bairro Jardim e sempre acompanhando o rio Verde, até uma usina desativada, muito antiga, perdida no meio da mata. Vale visitar! Lá no topo da serra, quando o caminho parece acabar, tem uma passagem secreta em singletrack que cruza o rio Verde (com a bike nas costas e os pés na água) e conecta com outra estradinha, descendo para a cidade. Depois é só descida, uns 15 quilômetros, até um banho quente, comida caseira (mais torresminho) e uma cama limpa te esperando de braços abertos.

ANOTA AÍ
>> Passa Quatro é acessível pela rodovia Dutra, via Cachoeira Paulista (saída 39), seguindo na direção de Cruzeiro.
>> O passeio de trem antigo embalado por dois violeiros em Passa Quatro funciona apenas aos finais de semana (vá pagar esse mico que é legal). Reservas e informações pelo telefone (35) 3371 2167.
>> Itamonte, uma cidade vizinha a Itanhandu, é a porta de entrada para o Parque Nacional do Itatiaia, que você já conhece ou já ouviu falar. Se tiver um tempinho, emende um trekking até as Agulhas Negras, quinta montanha mais alta do Brasil, com 2.792 metros de altitude. Mais informações no icmbio.gov.br/parna_itatiaia.
>> A planilha detalhada deste roteiro está no Volume 5 da coleção Guia de Trilhas enCICLOpédia.

Mais informações no site: www.kalapalo.com.br

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