MAPEAMENTO CARRETERA AUSTRAL

30 de novembro de 2009

Paso de los Libres, Argentina

29 de novembro de 2009 / 3° dia de viagem / 1.683 km rodados

Conseguimos sair de São Paulo com um dia de antecedência, num impulso incontrolável. O Guia de Trilhas TREKKING Vol. 2 chegou na quarta à noite, na quinta consegui organizar tudo, inclusive a distribuição do novo livro, deixei tudo relativamente pronto, finalizei o expositor que de livros que fiz de uma porta velha que achei na rua, levei e instalei na Tutto Bike (Av. Pompéia, 787 www.tuttobike.com.br/ quem quiser ver passa lá, ficou genial!), fechei as caixas e malas e… Zarpamos!

O dia extra foi investido em uma viagem até Curitiba, onde dormirmos na casa da Raquel, tia da Adriana que já havia me acolhido um mês antes quando fui mapear o Pico Paraná e o Marumbi. Recepção de majestade, ótimo começo de viagem.

Impressões de passagem:

O trecho São Paulo – Curitiba deixou a lembrança de um caldeirão fervente e úmido quando passamos por Registro. O calor estava insuportável e tivemos que apelar para o ar condicionado do carro. Nada muito “aventureiro”, diga-se de passagem. Em seguinda, chegando em Curitiba um forte nevoeiro fez o mundo sumir. A temperatura caiu uma dúzia de graus.

Entre São Borja e Uruguaiana o engenheiro da rodovia se esqueceu de fazer curvas. É uma reta só, chega a dar sono. A direção do carro calcificou.

Na região das Missões fiquei com comichões por todo o corpo. Lembrei do livro que li ano passado: A REPÚBLICA COMUNISTA CRISTÃ DO GUARANIS, do jesuita suíço Clovis Lugon. Um desses livros comprados por impulso em uma das inúmeras visitas que faço a sebos. O título era sedutor e o livro ficou na minha estante por anos e anos até ser finalmente devorado. Esse capítulo da história da América do Sul, as Missões jesuitas, merece estudo mais profundo. Deposi de ler o livro comprei também o DVD – A MISSÃO – com o Robert de Niro. Passar pertinho de São Luiz Gonzaga, São Miguel Arcanjo, São João Batista e São Nicolau e não parar foi duro!

O trânsito em Paso de los Libres lembra o Brasil da minha infância, década de 70. Carros caindo aos pedaços, ninguém usa cinto de segurança, nenhum motoqueiro de capacete, ruas de mão única sem sinalização alguma, ausência absoluta de policiais nas ruas, jovens e até crianças pilotando pequenas motocicletas e até quadriciclos, famílias inteiras equilibradas sobre motos. Faixas de pedestres só se forem virtuais. Respeito ao pedestre só amanhã, quem sabe. Quando perguntei a um cara se era seguro acampar no camping público do Parque Municipal, ele caiu no riso! Se havia risco acampar lá? “Só tem riscos! Eu não recomendo a ninguém!”. Fomos para um hotel. De novo, nada muito aventureiro.

O Rio Grande do Sul que vimos passar pelas janelas da Land Rover era rural, agrícola, produtivo e geometricamente retalhado. A vida não motorizada mais aparente eram as infinitas borboletas amarelas, gordas e gordurosas, que explodiam contra o parabrisas e escorriam como mousse de maracujá concentrado.

Algumas ruas de Uruguaiana e de Paso de los Libres estavam completamente submersas pela enchente do Rio Uruguai, divisa entre Brasil e Argentina. De São Paulo nós havíamos visto a tragédia pela TV. Casas apenas com os telhados de fora da água. Postes submersos até quase o transformador elétrico. Pontes com o rio passando gordo um metro abaixo. Os rios estão barrentos, marrons, rápido, de aparência morta. Acho que tem a ver com o retalhamento agrícola do Rio Grande do Sul, com a terra toda exposta para a lavoura. Quando chove muito a água leva a terra para os rios.

A primeira noite de acampamento, em Erechim, foi incrivelmente agradável. Ficamos no parque Cascata Nazzari, ao lado de uma piscina de águas termais (que não usamos porque descobrimos só pela manhã). Chegamos à noite e o parque estava trancado e depois de rodarmos o entorno um pouco, falamos com uma vizinha que nos mandou “pular a cerca” para chamar o gerente. A Adri passou pelo vão das barras de ferro do portão e voltou minutos depois com a esposa do gerente, a filha pré-adolescente e dois cachorrinhos de estimação. Só havia nós dois no acampamento e a noite estava linda. Fez tanto calor que dormimos só com um lençol.

O Land Rover está se comportando muito bem até agora, embora seja ainda cedo na viagem. Dirigimos três dias, dois meio-período e um período integral. Nenhum barulho novo ainda. O carro é a grande fonte de preocupação da viagem. Estamos sem seguro e ele já é um senhor de 13 anos de idade e 208.000 quilômetros rodados. Merece respeito. Dentro dele temos uma tonelada de equipamento cujo valor iguala ao preço do próprio carro, se não ultrapassar um pouco. Cada vez que o deixarmos estacionado será com uma pontada no coração.

Uma resposta para “MAPEAMENTO CARRETERA AUSTRAL”

  1. Anonymous disse:

    os ovos! gostei de ver os ovos…
    num dea pra consertar o som em Mendoza?

    boa viagem chicos!
    bj,
    ana

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