TREKKING PESO LEVE E TREKKING ULTRALEVE

31 de agosto de 2012
Praticamente todo mundo começa a fazer trekking brincando de ser sherpa. Isso quer dizer, na gíria de trilha, “carregando muito peso e volume montanha acima, sem reclamar”… Comigo não foi diferente.

Praticamente todas as trilhas que mapeei e publiquei nos livros Guia de Trilhas Trekking (Vol. 1) e Guia de Trilhas Trekking (Vol. 2) (links para resenhas aqui no blog), como fica claro nas fotos publicadas em ambos os livros, foram no estilo “trekking convencional”… Mochilão pesado com tudo o que eu tinha direito dentro. Sem arrependimentos, as razões por trás da minha escolha por esse estilo de trekking na época são justificadas e se mostraram eficientes então. 

No trekking convencional cada objeto transportado na mochila tem uma utilidade própria e única. Mochilas carregam carga, dormimos em barracas, usamos sacos de dormir e isolantes térmicos que se parecem com colchões, cozinhamos em fogareiros e panelas, cada peça de roupa tem uma razão de ser, transportamos toda água que necessitamos para consumo e limpeza, buscamos o máximo de conforto dentro de uma lógica de segurança e boa relação de peso e volume… Mas, acima de tudo, buscamos conforto na experiência ao ar livre!

Nada errado conceitualmente. Abrir mão de algum conforto, ou até de todo conforto, passa necessariamente por um processo evolutivo de ganho de experiência e autoconfiança, além de um questionamento sobre a definição do termo “conforto” quando aplicado à nossa experiência de contato com a natureza (assunto para um texto futuro). Mas, com o tempo, quem se dedica regularmente ao trekking começa a expandir seus horizontes, busca roteiros mais selvagens, mais longos, mais distantes e isolados. Nesses casos, o trekking convencional passa a não ser o mais eficiente.

Por definição, aceita internacionalmente, mas ainda não consagrada como regra absoluta, trekking ultraleve (ultralight trekking ou ultralight backpacking) é aquele em que todo o “peso básico” do aventureiro não ultrapassa 10 libras (4,53 kg). Trekking peso leve (lightweight trekking ou lightweight backpacking) é aquele em que todo o “peso básico” do aventureiro não ultrapassa 20 libras (9,07 kg). Por “peso básico”, tanto na primeira quanto na segunda definição, entende-se todo o equipamento transportado na mochila, menos o alimento e a água.

Muito importante, no entanto, é entender que essa diminuição no “peso básico” não deve, em hipótese alguma, comprometer ou sequer diminuir os níveis de segurança, autonomia e desempenho do aventureiro! Trekking peso leve ou trekking ultraleve não são sinônimos de maiores riscos, muito pelo contrário, são sinônimos de mais liberdade, menor desgaste físico, mais contato com a natureza e melhor desempenho.
Para compensar a diminuição de equipamento, o aventureiro tem que elevar seu grau de conhecimento, melhorar seus recursos pessoais. Esse, aliás, é o grande desafio e charme por trás do lightweight trekking e do ultralight trekkingO desenvolvimento pessoal do aventureiro!

Em futuras publicações aqui no blog vou aprofundar e discorrer mais sobre esses conceitos, suas vantagens e possibilidades, indicar literatura, cursos, sites, equipamento e técnicas. Na EXPEDIÇÃO TRANSPATAGÔNIA (link para apresentação aqui no blog) vou usar esses conceitos nos trechos de trekking e em todo o deslocamento em mountain bike (no caso, lightweight mountainbiking ou ultralight mountainbiking).

3 respostas para “TREKKING PESO LEVE E TREKKING ULTRALEVE”

  1. Olá,
    Isso muuuito nos interessa…
    Também passamos por Torres del Paine, e fizemos o Circuito W em janeiro de 2011, fizemos a Trilha do Ouro em julho do ano passado também e este ano Salkantay, no Peru. E cada vez mais, achamos que levamos bagagem demais, mesmo diminuindo a cada trekking, mas ainda assim, está muito pesado…
    Aguardamos anciosos as novas publicações!
    Abs.
    Marcia, João e Júlia
    Os caminhantes

  2. Guilherme, Já estava sentindo falta de ler algum post no seu blog! Fiquei contente de acessar e poder ler esta matéria. Ler o seu blog é estar aprendendo sempre! Um abraço, Ricardo.

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