CAPE WRATH TRAIL – HIGHLANDS (1)

18 de outubro de 2015

Fort William, Highlands, Escócia…

Manhã de céu aberto e friozinho de 12˚C. Da janela do albergue onde estou hospedado o sol ilumina uma jovem árvore de caule cinza claro e folhas completamente vermelhas. Céu azul, nuvens brancas preguiçosas, bosques verdes e essa arvorezinha, vermelha como um grito. Não sei porque, essa imagem traz paz ao meu coração.

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Amanhã, segunda-feira, 19 de o outubro de 2015, começo um longo roteiro de trekking até um ponto chamado Cape Wrath, que traduzido para o português ficaria: “Cabo da Ira”. Um promontório rochoso de 281 metros de altura atirado para dentro do Mar do Norte. Essa ponta de pedra é o extremo noroeste da Grã-Bretanha, onde existe um farol e mais nada. E para lá que eu vou! Sozinho, a pé, por 370 km de terreno irregular, às vezes sem trilhas, cruzando áreas alagadas, subindo e descendo montanhas, na região mais desabitada da Escócia e de todo o Reino Unido.

Por que?

Bem… Acho que para os amantes de aventura não é preciso responder a essa pergunta. E quem não ama aventura, quem não se encontra e se descobre quando em contato com a natureza, a melhor resposta seria outra pergunta: Por que você está lendo o texto de um aventureiro?

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Aos amigos, acho que devo explicações…

Nos últimos três anos só pensei na Patagônia. Depois que passei seis meses sozinho pedalando, explorando, fazendo trekking e mergulhado na história e na cultura local, depois de percorrer sozinho e com a força do meu próprio corpo 6.000 km por toda a Patagônia e Terra do Fogo, dediquei dois anos a escrever o livro TRANSPATAGÔNIA, PUMAS NÃO COMEM CICLISTAS. Mas agora esse livro não me pertence mais… Desde seu lançamento, quatro meses atrás, enviei livros para praticamente todos os estados do Brasil, um amigo levou uma cópia para cruzar a Rússia e a Mongólia de carro, um mochileiro levou outra cópia para o Uruguai, uma amiga está lendo em Portugal e outra amiga lê nos Estados Unidos. E para completar,  meu amigo Elias Luiz, do site Extremos, mandou um exemplar para o Chile, para ser lido por cicloturistas brasileiros em trânsito por lá.

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Lançado o livro, abriu-se um vazio dentro de mim, algo que só consigo comparar com parir uma criança. De repente esse vazio virou incômodo e precisei preenchê-lo com mais horizontes abertos e mais aventura.

E aqui estou.

Mas existe também razões históricas e até antropológicas para eu estar aqui… Na época em que o mundo tinha ainda inúmeros espaços inexplorados, quando mapas traziam vastas regiões do globo descritas como “Terra Incognita”, a Grã-Bretanha detinha o maior império em território que a humanidade já viu.

“O céu nunca se põe sobre o Império Britânico”, era uma frase comum no Século XIX. E essa época ficou conhecida como “A Era de Ouro da Exploração” e alguns de seus maiores ícones acabaram virando meus heróis na infância e na adolescência tardia que eu talvez viva até hoje: Sir Richard Francis Burton, Dr. David Livingstone, Sir Ernest Shackleton, Captain Robert Falcon Scott, Roald Amundsen e outros.

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As Highlands, na Escócia, representam o canto mais selvagem do quintal desses grandes exploradores, o lugar onde espíritos eram domados e personalidades formadas. O equivalente brasileiro da floresta amazônica, a caatinga, os grandes rios e outros lugares que guardam uma parte importante do espírito humano – seja lá o que isso for.

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Nessa aventura, Guilherme Cavallari usou equipamento SPOT.

Meu roteiro será: Fort William, Glenfinnan, Glen Dessarry, Barisdale, Morvich, Strathcarron, Kinlochewe, Strath na Sealga, Ullapool, Oykel Bridge, Inchnadamph, Glendhu, Rhiconich, Sandwood Bay e Cape Wrath. Uma vez em Cape Wrath terei que caminhar mais 30 quilômetros até Durness, onde fica o ponto de ônibus mais próximo, e onde devo completar 400 km de caminhada. Vou tentar acampar todas as noites do percurso e minha intenção é fazer tudo em 17 a 20 dias, se eu conseguir fazer tudo.

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Guilherme Cavallari usa roupas SOLO nessa expedição.

Quem quiser pode acompanhar, online e em tempo real, acompanhar cada passo da minha aventura, basta acessar o link: http://share.findmespot.com/shared/faces/viewspots.jsp?glId=0mqt1ppkt2pSmaqejVncIr3aNHfz5dGC4, já que estou usando um dispositivo de rastreamento e resgate da SPOT.  Estou usando também roupas SOLO, www.solo.ind.br, e estou seguro que o frio, a chuva e o vento das Highlands não serão problema nessa aventura.

Agora é só descansar um dia, segurar a ansiedade e esperar o amanhã chegar para começar a caminhada…

Até breve!

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