texto: Guilherme Cavallari
Lendo a biografia do explorador Hiram Binghanm III (1875-1956) — o “descobridor” de Machu Picchu, em 1911 —, seu filho e autor do livro A PORTRAIT OF AN EXPLORER (Iowa State University Press, 1989), Alfred M. Bingham, cita uma passagem interessante (a tradução é minha):
“Nosso equipamento consistia em tudo aquilo que poderíamos esperar precisar ao cruzarmos planícies desoladas e passos de montanha remotos. Selas, arreios de montanha, rédeas, barracas, cobertores, instrumentos de mapeamento, um teodolito, bússolas prismáticas, um sextante, lanternas de latão dobráveis, utensílios de cozinha, rações de emergência, incluindo salchichas de ervilha, cápsulas de extrato de carne, café, chocolate, farinha de trigo, açúcar, arroz e sal. Ao selecionar artigos, descobri a lista de Richard Harding Davis, publicada na Scribner’s Magazine, de considerável valor. Sob sua indicação, estou levando uma cama de campanha dobrável e uma cadeira dobrável.”
Bingham, o explorador, escreveu isso na narrativa de sua primeira expedição, quando percorreu territórios da Colômbia e da Venezuela, no lombo de animais, em 1907.
Fiquei curioso com essa tal lista do jornalista e correspondente de guerra Richard Harding Davis (1864-1916) e testei o ChatGPT-4, a plataforma de Open-AI, a inteligência artificial, pra ver que resultado teria. O robô forneceu o seguinte texto (também traduzido por mim):
- Hiram Bingham III em 1911
- Hiram Hiram Bingham III em 1911
EQUIPAMENTO PARA EXPLORADORES
Texto de Richard Harding Davis publicado em artigo na Scribner’s Magazine em junho de 1897.
“Em resposta a muitos pedidos, eu preparei uma lista de equipamento que acredito todo explorador deveria carregar em suas expedições. É melhor, obviamente, começar com coisas demais do que com coisas a menos, pois se as coisas se alguém está muito bem equipado pode sempre abandonar coisas para trás, enquanto que se alguém começa com muito pouco, não poderá encontrar o que precisa no meio da África e deverá retornar para conseguir o que faltou. A lista fornecida abaixo é para um explorador fazendo uma viagem por terreno selvagem e despovoado, longe da civilização.
1. Um rifle de caça
2. Uma espingarda de cano cortado
3. Um par de revólveres
4. Uma faca de caçador
5. Uma bússola de bolso
6. Um mapa
7. Um par de binóculos
8. Um par de bons calçados
9. Dois jogos de roupa de baixo de lã
10. Dois pares de meias pesadas de lã
11. Um suéter
12. Um poncho de borracha
13. Uma bolsa de borracha para transporte de roupas e saco de dormir
14. Uma machadinha
15. Uma xícara de metal
16. Velas e fósforos
17. Uma cafeteira grande
A lista acima contém as necessidades primordiais. Se o explorador puder levar mais, eu recomendaria os seguintes artigos:
1. Um rifle de repetição Winchester
2. Uma espingarda de dois canos cortados
3. Um par de revólveres de canos duplos com empunhadura de marfim
4. Uma faca de caça com bainha
5. Uma bússola grande com mostrador solar acoplado
6. Uma câmera e filmes
7. Um par de binóculos militares
8. Um par de calçados de cano alto e um par de calçados de cano baixo
9. Dois pares de roupa de baixo em lã sendo um par leve o outro pesado
10. Três pares de meias pesadas de lã
11. Um suéter e um casado pesado
12. Dois ponchos de borracha e um casado de borracha
13. Uma bolsa robusta de lona para roupas e saco de dormir
14. Um machado pequeno e um serrote de carpinteiro
15. Uma frigideira pequena, uma chaleira e um cantil
16. Chocolate, leite condensado, chá e açúcar
Fica subentendido, obviamente, que o explorador deverá ter uma barraca, um saco de dormir e utensílios de cozinha necessários.
A lista acima dá ideia do equipamento necessário. Os itens enumerados deverão ser todos da melhor fabricação e serem recomendados através de testes por experiência.
Richard Harding Davis
Nem sinal da cama de campanha e da cadeira dobráveis. Esses itens devem estar em ainda outra lista, que a inteligência artificial não encontrou. De qualquer forma, achei interessante a enorme “necessidade” de armamento. Acho que se a expedição der errado, os exploradores poderiam derrubar o governo local e instituir uma monarquia particular. Os sobrevivencialistas de plantão, populares nas redes sociais depois da campanha armamentista de Bolsonaro, vão gostar de ideia.
Por outro lado, fiquei impressionado com o minimalismo no vestuário. Algo louvável. A grande quantidade, peso e volume da tecnologia da época (sextantes, bússolas grandes, etc.) seriam hoje todos substituídos por um aparelho de GPS. Enfim, os exploradores do passado são os aventureiros do presente e temos muito o que aprender com nossos antepassados. Muito o que não repetir de seus erros e muito o que repetir de sua coragem, persistência e audácia.
Muito legal Cavallari! Sempre bom conhecer a história dos caminhantes exploradores. Incrível o peso de toda essa lista! Fico feliz em viver e caminhar na natureza em épocas do pós armamento kkkkk
Interessante essa “atualização” com a IA. Realmente, naquela época, talvez até se justificassem o peso da espingarda, rifles e revolveres. Agora a atualização, de revolveres com cano de marfim, “sou contra”! matar elefantes ou rinocerontes para fazer cabo de revolveres…rssrs…bem ARTFICIAL E ANTIECOLÓGICA!!! a que ponto chegaram…aff
Sou contra porte e uso de qualquer arma de fogo, seja no ambiente natural ou urbano. O material usado na construção da arma pouco importa.
Claro. O material não importa. Meu comentário foi irônico, por ter a IA salientado o “cabo de marfim”…só isso..rsr
Entendido! Ótimo comentário, só preciso deixar as coisas claras, rss… TMJ
se nada fizermos, o imáginário de uma África a ser domesticada, indomável e selvagem sempre habitará nossas mentes e as mentes artificiais. Sejamos anti-racistas e anti-colonialistas. Grato por compartilhar suas experiencias!