A URBANIDADE PODE ATÉ ASSUSTAR
Passamos uma noite em Rio Grande. Embora a cidade tenha apenas 98.000 habitantes, segundo o senso de 2022, as ruas pareciam extremamente movimentadas e o ritmo frenético. Entramos na zona urbana por uma larga e longa avenida, repleta de negócios como concessionárias de veículos, oficinas mecânicas especializadas em caminhões, transportadoras, metalúrgicas e afins. Um verdadeiro bairro industrial. Localizada na costa do Oceano Atlântico, Rio Grande é também um importante porto.
Foi difícil escolher entre as guloseimas disponíveis numa grande padaria localizada perto do cruzamento das avenidas Santa Fé e San Martín, no coração da cidade. Croissants, bolos, tortas, doces, sucos naturais, cafés especiais — minha vontade era pedir “um de cada, por favor”. Resisti à tentação e não dei vexame.
Daniel fez uma revisão completa em sua bike, que segundo ele apresentava problemas no movimento central e no câmbio traseiro. A ótima loja — Everest Cycling — ficava bem perto do nosso hotel, tinha uma oficina completa e um grande estoque de peças sobressalentes.
A noite dormida em cama de verdade, com lençóis limpos, numa suíte que dividi com um dos companheiros, não foi grande coisa. O aquecimento do hotel estava ligado no máximo e o quarto mais parecia uma sauna. Eu teria dormido melhor na minha barraca.
Na saída da cidade, na manhã seguinte, tomamos um atalho, de cerca de 5 km, cortando pastos ao sul de Rio Grande. Tivemos que passar por baixo de uma porteira de madeira trancada com cadeado no começo da trilha e pular outra cerca no final. Economizamos bons quilômetros do asfalto da movimenta Ruta Nacional 3, que cruza a Argentina de Buenos Aires a Ushuaia, em exatos 3.074 km. Esses “caminhos-surpresa” são os melhores para mim.
Quando entramos finalmente no asfalto declarei aos companheiros: “Terminou a diversão, começou a obrigação”. Soou pessimista, mas eu realmente não gosto de pedalar em asfalto e não faço questão de esconder isso. “Fiquem atentos aos caminhões e passem para o acostamento sempre que necessário”.
Justiça seja feita: os caminhoneiros argentinos são bem mais civilizados e respeitosos que seus colegas brasileiros. Muitos desviavam de nós até ocuparem totalmente a pista oposta. A maioria desviava o suficiente para não nos assustar. Dois ou três passaram perto a ponto de assustar um pouco e apenas um, que eu me lembre, passou tão rente à ponta do meu guidão que meu coração veio parar na boca. Basta um para fazer a tragédia.
Depois de cerca de 61 km de asfalto, com uma parada rápida para comermos nossos lanches deitados na grama ao lado do acostamento, saímos da Ruta 3 em direção ao Cabo San Pablo. Pedalamos quase 76 km, com 493 m de subidas acumuladas e 421 m de descidas, e acampamos cerca de 10 km depois de abandonar o asfalto, atrás do grande galpão de tosa de ovelhas na Estancia Tepi.
A INEXPLICÁVEL ATRAÇÃO DOS NAUFRÁGIOS
Eu já havia estado no Cabo San Pablo em fevereiro de 2024, onze meses antes desta expedição, quando filmei para o Canal Off um episódio da série documental DE VOLTA AO PARAÍSO. Na ocasião, cheguei lá com a equipe de filmagem num carro alugado e prometi que voltaria de bicicleta.
Promessa é dívida.
Do asfalto até a praia do Cabo San Pablo, onde está o naufrágio do navio Desdemona, são cerca de 50 km. O navio encalhou em 1985 e carregava cimento de Ushuaia a Buenos Aires. Ninguém se feriu ou morreu no desastre. O caminho é bonito, cortando bosques verdejantes povoados por manadas de guanacos. A estrada de terra — rípio, em espanhol — é bem conservada e cheia de sobe-e-desce.
Pedalamos apenas 42 km, com 589 m de subidas acumuladas e 573 m de descidas. Montamos nossas barracas no confortável camping do simpático casal de argentinos Silvia e Miguel. Nossa programação era descansar um dia no local.
Não sei exatamente o que é tão atraente em naufrágios, afinal eles são sucata humana abandonada na natureza, nada além disso, mas sinto neles algo forte. Talvez seja a história por trás de todo acidente, ou ainda um lembrete da nossa vulnerabilidade, apesar de toda arrogância. Somos capazes de construir gigantes que flutuam, capazes de dar muitas voltas ao mundo, mas no final quem manda mesmo é o mar. Naufrágios nos ensinam humildade.
Meus companheiros pareciam ter energia infinita e no dia de descanso caminharam quilômetros até o topo do morro onde fica o farol — o Faro San Pablo. Fiquei no camping, conversando com os proprietários e fazendo planos para retornar mais ali vezes. Fizemos todas as refeições juntos, disfrutando da boa comida que Miguel cozinhava e Silvia servia. Não faltou cerveja gelada. As empanadas de centolla — o famoso caranguejo-gigante dos mares da América do Sul — eram deliciosas e a espessa sopa de verduras uma iguaria.
Aproveitei que uma agência de turismo de Ushuaia visitava o Cabo San Pablo e pedi à proprietária, que também era dona de um hostel (onde terminamos hospedados), que levasse uma caixa com tudo o que estava sobrando em nossas bagagens. Conseguimos tirar uns 10 kg de nossas bolsas. Faltavam apenas três dias até Ushuaia e cerca de 160 km. Mas o último dia seria especialmente difícil, então quanto mais leves estivéssemos, melhor.
PADARIAS QUE NÃO OFERECEM SÓ PÃO
A gentileza de Emílio, proprietário da Panadería La Unión, em Tolhuin, às margens do Lago Fagnano, colocou a cidade no mapa dos cicloturistas do mundo todo. Depois de 35 anos de existência, a padaria pegou fogo e foi totalmente destruída em 2021. Foi uma comoção internacional entre ciclistas de incontáveis países, inclusive eu. Nem sei quantas noites já dormi no depósito, no dormitório que Emílio mantém aberto e equipado com três camas a qualquer aventureiro. O pernoite na padaria é quase uma obrigação. Gratuito, sem reservas, basta chegar e se instalar. Se as camas estiverem ocupadas, é só estender o saco de dormir no chão. O jato forte e quente do chuveiro parece conectado direto à máquina de café espresso (a água sai fervendo). Um dos melhores banhos que já provei na vida!
A nova Panadería La Unión é bem mais moderna e luxuosa. Um verdadeiro templo da gastronomia rápida, frequentada por todo ônibus de turismo que visita o Lago Fagnano. Nos horários de pico parece até leilão numa bolsa de valores agitada.
Foi uma maratona chegar até lá num só dia. Pedalamos 83 km, com 984 m de subidas acumuladas e 881 m de descidas. Quase tudo por asfalto. Não posso dizer que foi divertido, mas havia sempre o incentivo extra, a expectativa de ver a reação dos meus companheiros ao chegarmos numa padaria que servia de abrigo a pedalantes de todo o mundo. Eu mal podia esperar.
Quando cheguei, ates de todos, havia três mochileiros argentinos de partida. Um deles falava português: “Eu vendi artesanato em Jericoacoara”, disse ele. Sorteamos as camas entre nós. Mais tarde apareceu um jovem francês numa bicicleta da década de 1980, um velejador que dava a volta ao mundo como marinheiro em veleiros alheios. Um aventureiro calejado e cheio de histórias pra contar. Esse é o espírito da Panadería La Unión. Sempre conheci gente interessante lá.
Nossa próxima parada, depois de pedalar 55 km, com 471 m de subidas acumuladas e 459 m de descidas, foi mais um pernoite tradicional nas minhas andanças pela Terra do Fogo: as ruínas da Hostería Petrel, um luxuoso hotel abandonado no Lago Escondido.
O pequeno e belo lago, de pouco mais de 6 km de extensão, rodeado de bosques e montanhas, fica aos pés do Paso Sobrestante Luis Garibaldi (450 m) — mais conhecido como Paso Garibaldi —, ponto culminante na Ruta 3 antes da chegada a Ushuaia.
Desde a primeira vez que visitei o local, em dezembro de 2012, durante a EXPEDIÇÃO TRANSPATAGÔNIA, a Hostería Petrel já se encontrava abandonada e em ruínas. O empreendimento, construído na década de 1960, foi desativado em 1991 e ficou abandonado de lá pra cá. Acho engraçado que diversos vídeos no Youtube fazem um grande drama em cima do lugar, chamando-o de “assustador” e usando títulos como “MEDO!” e afins. Pra mim, as cabanas abandonadas do Lago Escondido sempre foram um abrigo confortável para o clima inóspito do extremo sul. Dormi várias noites no lugar, sozinho e acompanhado, e nunca tive problemas ou pesadelos.
Dessa vez, ficamos todos na única cabana ainda em bom estado, com todos os vidros inteiros, teto completo, porta e janelas que abrem e fecham. Essa cabana foi obviamente reformada por alguém, provavelmente de Ushuaia ou Tolhuin, para uso como refúgio. Pixações nas paredes internas indicam que a construção vem sendo usada há vários anos por viajantes, a maioria ciclistas como nós.
MAIS UM NAUFRÁGIO NO CAMINHO
Do Lago Escondido pedalamos e empurramos as bikes até o Paso Garibaldi, fizemos as obrigatórias fotos e filmes e descemos o asfalto até a entrada da Ruta J, de rípio, que leva à Estancia Haberton — fundada em 1886, a primeira nas margens do Canal Beagle.
Quem quiser conhecer melhor a história da região e em particular a história de Ushuaia, recomendo o livro EL ÚLTIMO CONFÍN DE LA TIERRA, de E. Lucas Bridges. Essa é considerada “A Bíblia Fueguina”, o livro mais importante sobre a Terra do Fogo. Existe também uma versão, escrita pelo próprio autor, em inglês. Lucas Bridges foi a segunda criança branca a nascer onde hoje está a cidade de Ushuaia, apenas meses atrás do primeiro bebê. Ambos eram filhos dos missionários anglicanos, de origem inglesa, que habitaram por décadas o lugar que hoje abriga Ushuaia, em contato estreito com as populações indígenas originais.
A Ruta J, de cerca de 55 km, termina na costa do Canal Beagle. O caminho é muito bonito, entre bosques com cada vez mais cabanas de final de semana construídas ao longo da estrada. Chegando ao mar, para a esquerda vai-se à Estancia Haberton, para a direito vai-se a Puerto Almanza — uma vila de pescadores com ótimos restaurantes. Puerto Williams, na Ilha Navarino, do outro lado do canal em território chileno, está logo em frente. Essa é a verdadeira “cidade mais austral do mundo”, apesar da propaganda mentirosa de Ushuaia. Os famosos “dentes de navarino”, montanhas pontiagudas logo atrás de Puerto Williams, pareciam olhar para mim lembrando que em breve eu estaria entre elas, liderando a EXPEDIÇÃO DENTES DE NAVARINO 2025.
Paramos pra almoçar em Puerto Almanza. Fiquei assustadíssimo com o preço das refeições. A Argentina vivia mais uma de suas infindáveis crises econômicas, dessa vez nas mãos do mais louco de seus presidentes — Javier Milei —, o que não é fácil quando o país já teve o tresloucado Carlos Menem no timão. Milei é adepto da bizarrice por ele intitulada de “anarcocapitalismo”, um liberou geral, um modelo econômico sem restrições, nenhum controle e poucas regras para que empresários possam atuar como bem entenderem. As raposas no controle total e irrestrito do galinheiro. Não é preciso bola de cristal pra saber como isso vai terminar, né?
Pouco depois de Puerto Almanza pulamos a cerca indicando “Zona Militar”, de entrada proibida, para acampar pela última vez na travessia, agora na Estancia Remolino. Eu já havia acampado no local antes, durante a EXPEDIÇÃO BIKEPACKING TERRA DO FOGO 2019. A fazenda, com uma casa grande em ruínas que oferece abrigo contra a chuva e o vento, é hoje propriedade da Marinha da Argentina. Sempre que digo aos locais que vou acampar lá, ouço: “tomara não tenha treinamento militar”. Existe sempre a possibilidade de veículos anfíbios aportarem do mar desovando combatentes em roupas camufladas e as caras pintadas, entre foguetes e tiros pra todo lado.
A Estancia Remolino — “redemoinho” em espanhol, — foi batizada assim por conta do “movimento rápido e giratório que adquirem as massas de ar quando sopram ventos vindos do norte”, segundo o capitão argentino que, em 1899-1900, realizou sondagens nas águas locais.
Essa é a segunda fazenda mais antiga de Ushuaia e do Canal Beagle, atrás somente de Haberton. Em 1912, o navio Monte Sarmiento, de passageiros e carga, bateu em pedras submersas na entrada da pequena baía e encalhou. Nenhum dos 350 passageiros e 82 tripulantes se feriu. O naufrágio hoje decora a paisagem e é amplamente usado como cartão postal.
Ocupamos dois dos três quartos disponíveis. Fiquei com o menor, sozinho. Mabê não topou dormir sozinha no melhor quarto, o único com alguma mobília, e acabou dormindo com o resto da tropa no quarto maior. A casa obviamente não tem água ou energia elétrica, mas naquele fim de mundo é como um hotel cinco estrelas de portas sempre abertas. Facilita muito a vida ter um local seco e protegido do vento para cozinhar e comer em paz. O dia seguinte, de menos de 40 km de extensão, nos levaria a Ushuaia e ao fim da expedição.
Nesse dia, pedalamos 69 km, com 886 m de subidas acumuladas e 1.067 m de descidas.
O ÁRDUO TRECHO FINAL
Na manhã seguinte, quando meus companheiros perguntaram como seria nosso trecho final, eu apenas sorri malevolamente e disse: “Vocês verão!”. Pra dizer a verdade, minha memória é ruim e esqueço os perrengues, sacrifícios e sofrimentos dos caminhos mais “traumáticos” que encontro. Por isso acabo voltando e fazendo tudo novamente.
Saindo de Remolino, seguimos uma estrada de 4×4 que logo cruzou o Rio Remolino. O caminho nos levou até a vizinha Estancia Segunda, também abandonada, a sede fechada, o mato bem alto. Depois disso não haveria mais estrada alguma e às vezes nem trilha. Um desbarrancamento da falésia levou a trilha de vaca que seguíamos e o grupo se dividiu: alguns tentaram permanecer no topo do barranco, outros caminharam pelas pedras da praia. Nenhuma das opções era fácil ou confortável.
Mas o que não estava bom logo piorou. Ao entrarmos no bosque, seguindo uma trilha estreita, espremida por arbustos espinhosos, nos deparamos com diversos obstáculos difíceis de transpor com nossas bicicletas pesadas. Fomos obrigados a passar as bikes por cima de incontáveis árvores caídas e atravessadas na trilha, carregar tudo pra cima em erosões, caminhar em terreno enlameado e escorregadio. Eu chamo essa atividade de “Bike Jiu-Jitsu” — uma modalidade que deveria ser olímpica.
Foram cerca de 10 km de carrega-e-empurra-a-bike, que em inglês tem um nome mais chique: “Hike-a-Bike”. Existe até suporte para esse tipo de atividade, alças de mochila presas ao quadro pra poder jogar a magrela nas costas com mais facilidade. Quem já assistiu meu documentário SERRA FINA PERNA GROSSA, sabe bem o que estou falando.
Foi exaustivo e contundente. Terminamos todos com muitos aranhões e hematomas de todos os tamanhos. Felizmente nada se quebrou e ninguém se machucou feio. Depois de uma pausa para almoço, todos ofegantes e de olhar perdido, finalmente chegamos ao fim da dura trilha e engatamos num caminho natural usado por muitos turistas, inclusive gente treinando corrida. Em seguida chegamos ao estacionamento lotado de carros. Faltavam apenas 10 km para o centro de Ushuaia.
Pedalamos (e carregamos as bikes) por 35 km nesse último dia, com 656 m de subidas acumuladas e 616 de descidas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Uma aventura de verdade, ao terminar, deixa uma pilha de sentimentos confusos dentro de nós. Ficamos obviamente felizes e realizados, afinal o tempo de pesquisa e preparação foi longo, ou não foi uma expedição de verdade. Ficamos aliviados e suspiramos cansados, o esforço físico e psicológico exigiu muito de nós e ansiamos agora o descanso. Ficamos saudosos e melancólicos porque entendemos que aquela dinâmica simples e saudável — acordar dia após dia focamos unicamente no deslocamento diário, na saúde pessoal, na integridade do equipamento, na união da equipe — terminou e em breve seremos engolidos pelo cotidiano de nossas vidas profissionais. Ficamos esperançosos e desejosos de que um novo desafio seja proposto e que tenhamos a saúde, disposição e possibilidade de enfrentar novos destinos, novos desconhecidos. Tudo isso e mais um tanto.
Encontrei nos companheiros desta jornada força, resolução e união suficientes não apenas para essa travessia, quem sabe para outras mais. Sei que as variantes são infinitas e muito provavelmente esse mesmo grupo nunca mais se encontre para outra travessia. Faltará alguém ou alguém novo se unirá ao time. Mais uma confirmação que a experiência foi única.
Sou inquieto e sonho com muitos destinos. Quem sabe pedalar a Carretera Austral no meio do inverno? Explorar a desconhecida Península Kamchatka, na Sibéria, preferencialmente no verão? Cruzar a Islândia? Esses desafios me movem.
Deixo aqui meu agradecimento aos companheiros Mabê, Daniel, Marcos e Alexandre, los Guanacos de Ruedas que estiveram ao meu lado o tempo todo. Obrigado pela confiança e pelo apoio. Que essa aventura tenha sido tão rica e interessante para vocês como foi para mim.
E PRA ENCERRAR…
De Ushuaia, pegamos um ônibus até Punta Arenas. Foram 13 horas de viagem e tivemos que pagar uma taxa extra para levar as bikes, com as rodas fora do quadro, no bagageiro inferior. Várias companhias de ônibus fazem o trajeto, com saídas diárias. Essa nos pareceu a melhor logística, a mais barata também, para realizar LA GRAN TOUR DE TIERRA DEL FUEGO, que por não ser um roteiro circular exige empenho extra para solucionar a logística de transporte. Tomar um avião até Punta Arenas e outro de volta ao Brasil, de Ushuaia, representaria um custo adicional muito elevado.
RESUMO NUMÉRICO DO ROTEIRO
DIA 1 = Punta Arenas – Estancia Draga = 55,28 km (522 m subidos; 469 m descidos)
DIA 2 = Ea. Draga – Tres Hermanos = 76,09 km (345 m subidos; 336 m descidos)
DIA 3 = Tres Hermanos – Russfin = 71,73 km (832 m subidos; 603 m descidos)
DIA 4 = Russfin – Lago Blanco = 65,48 km (461 m subidos; 577 m descidos)
DIA 5 = Lago Blanco – Lago Deseado = 75,04 km (983 m subidos; 899 m descidos)
DIA 6 = Lago Deseado – Caleta María = 46,20 km (810 m subidos; 978 m descidos)
DIA 7 = DESCANSO
DIA 8 = Caleta María – Bosque = 68,68 km (1.492 m subidos; 1.240 m descidos)
DIA 9 = Bosque – Estancia Aurelia = 73,53 km (442 m subidos; 851 m descidos)
DIA 10 = Estancia Aurelia – Rio Grande = 66,07 km (533 m subidos; 655 m descidos)
DIA 11 = Rio Grande – Estancia Tepi = 75,84 km (493 m subidos; 421 m descidos)
DIA 12 = Ea. Tepi – Cabo San Pablo = 42,62 km (589 m subidos; 573 m descidos)
DIA 13 = DESCANSO
DIA 14 = Cabo San Pablo – Tolhuin = 83,54 km (984 m subidos; 881 m descidos)
DIA 15 = Tolhuin – Lago Escondido = 55,20 km (471 m subidos; 459 m descidos)
DIA 16 = Lago Escondido – Estancia Remolino = 69,25 km (886 m subidos; 1.067 m descidos)
DIA 17 = Ea. Remolino – Ushuaia = 35,69 km (656 m subidos; 616 m descidos)
TOTAL = 960,18 km (10.499 m subidos; 10.625 m descidos)
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