MONGÓLIA BIKEPACKING: DESCOBERTA DE MAPAS

24 de maio de 2019

Um amigo enviou um link de um texto em inglês sobre bikepacking, uma entrevista de um blog de ciclismo na Inglaterra com um aventureiro experiente que discorria sobre a definição dessa modalidade de cicloturismo. A matéria era legal, bem escrita, mas nada especial. Só que, por curiosidade, visitei também o site do tal entrevistado. Fuçando no canal, encontrei um artigo sobre “27 Apps de navegação incríveis para bikepacking”. Opa, isso é interessante! Pensei.

Entre os aplicativos descritos, a maioria já conhecida por mim, havia um que fez meus olhos saltarem pra fora das órbitas: MAPAS SOVIÉTICOS MILITARES. Caramba! Disse pra mim mesmo. A Mongólia foi a segunda república soviética, poucos anos depois da própria Rússia, então os militares russos devem ter bons mapas da Mongólia, foi meu raciocínio. Pesquisei a informação no Google e encontrei: https://maps.vlasenko.net/soviet-military-topographic-map/

Com medo de sair clicando em site russo, por paranoia de vírus e invasão de computador (rs), como se o Brasil fosse muito seguro, procurei primeiro um vídeo no Youtube que ensinasse a navegar o tal site. Muito fácil. E aparentemente seguro também. Num menu todo em alfabeto cirílico, que estou estudando faz meses, como preparação para as placas da Mongólia, entendi que havia opções de cartas topográficas em diversas escalas… 1:50.000 que são superdetalhadas e excessivas para bikepacking, 1:100.000 que são também bem detalhadas e também um pouco excessivas para bikepacking, 1:200.000 que seriam ideal para mim… Nada! A Mongólia estava toda em branco nessas proporções. Mas quando cliquei em 1:500.000 encontrei o país inteiro mapeado, inclusive com partes da Sibéria, na Rússia, e da China, países fronteiriços à Mongólia. Bingo!

E que qualidade de material! Verdadeiras obras de arte! Mas aqui vale um parênteses: eu sou absolutamente louco por mapas, então acho todos lindos de morrer. Mas esses eram mesmo belos. 

Selecionei e baixei, em formato JPG, 48 mapas que cobriam toda a área da Mongólia e mais meia dúzia de cartas topográficas da Rússia em torno do Lago Baikal, que tenho curiosidade de conhecer também, e talvez o faça nessa EXPEDIÇÃO MONGÓLIA BIKEPACKING

O próximo passo será georreferenciaros quatro cantos de cada carta (marcar coordenadas de latitude e longitude) e descarregar as imagens no meu aparelho de GPS. Feito isso, terei esses mapas oficiais russos à minha disposição em campo, quando estiver navegando pelas estepes, desertos, montanhas e florestas da Mongólia. Eles vão aparecer como transparências em cima do mapa global digital que já tenho no aparelho. E pra quem estiver se perguntando que aparelho eu uso, é o Garmin GPSmap 62s. Eu recomendo, a quem ainda não tem, o modelo mais novo, Garmin GPSmap 64s, que inclusive trabalha com a rede russa de satélites, Glonass, além do sistema norte-americano GPS. Esquece os aparelhos touch-screen, delicados e cheio de funções de treinamento esportivo. Na aventura queremos um aparelho robusto, com botões que podemos apertar com luvas, que se caírem e quebrarem a tela continuarão funcionando normalmente. Aparelho de GPS bom funciona com pilhas, que a gente troca em campo sem o menor problema. Se as pilhas dão pau, trocamos novamente. Até hoje não encontrei tomada em árvore e carregar powerbank pesa muito mais do que uma dúzia de pilhas. Sem falar que se o powerbank der pau, a gente fica na lona. Tento sempre ter comigo aparelhos que usem todos o mesmo tamanho de pilha, assim passo de um para outro caso precise. 

Vale ressaltar que esse material russo que baixei foi produzido nas décadas de 1970 e 1980. Como as cartas topográficas brasileiras, produzidas pelo IBGE ainda no tempo da ditadura militar (1964-1985), disponíveis no site da instituição de forma gratuita, os mapas russos não foram atualizados e estão defasados. A Mongólia, no entanto, diferente do Brasil, mudou muito pouco de lá pra cá, então nem tudo está perdido. Além disso, a topografia continua a mesma desde os tempos do Gengis Khan. 

Esses mapas serão de imensa ajuda durante a expedição, já que não tenho roteiro pré-definido. Sei que vou chegar em Ulaanbaatar, a capital da Mongólia, vindo de Beijing, a capital da China, provavelmente de trem. Depois pretendo voar até Ölgiy, no extremo oeste do país, de onde começo a pedalar. Vou cruzar toda a extensão do país de oeste para leste, parar terminar novamente na capital. Dessa experiência pretendo escrever um livro de narrativa de aventura, com muita pesquisa histórica e cultural, além de produzir um filme-documentário. Exatamente como fiz em projetos anteriores, como TRANSPATAGÔNIA: PUMAS NÃO COMEM CICLISTAS, lançado em 2015, e o recém-lançado e meu último trabalho HIGHLANDS: POR BAIXO DO SAIOTE ESCOCÊS

Fiquei tão feliz por encontrar esse material que fiz uma “dança da vitória” em volta do meu computador! Eu parecia criança no Natal! O que me faz pensar que a gente precisa de muito pouco para se sentir feliz, né? Uns velhos mapinhas comunistas serviram pra mim. 

Uma resposta para “MONGÓLIA BIKEPACKING: DESCOBERTA DE MAPAS”

  1. Luiz Aragão disse:

    Grande Guilherme!
    Cara, quando conversamos sobre mapas da Mongólia, esqueci completamente do meu “favoritos” aqui no mac… eu tinha esse site russo, putz! Tinha pesquisado na época sobre o Monte Beluga, ali entre Mongólia, China e Rússia – cartas topo ótimas, verdadeiras obras de arte, coloridas, lindas! Ótimo protetor de tela do computador, kkkk. Imprimir e encampar livros então…, adoro um mapinha tb, hehehe.
    Sobre o Baikal, se conseguir, a ilha OLKHON, a maior do lago, é uma boa pedida = https://en.wikipedia.org/wiki/Olkhon_Island
    Só chega de ferryboat e a bike vai ser ótima por lá – e dá pra fazer Trekking nela e acampar nas margens.
    Depois te mando fotos de lá.
    Uma das minhas dificuldades tanto na Mongólia quanto na Rússia em 2001 e se repetiu em 2014 foram pilhas de boa qualidade (tem muita pilha chinesa péssima, cuidado com a autonomia do Map62!).
    Mas foi ótimo me lembrar do site russo, obrigado!!!! Isso vai me fazer retomar as pesquisas do BELUGA (tem um lance espiritualista naquela montanha) e pretendo retornar no Kailash (Tibet) agora pra um Trekking longo ou um bikepacking quem sabe??? Atravessar o Tibet (?)…
    Abs e …. 30, 29, 28, 27…..

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